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LENÇÓIS MARANHENSES: PAISAGEM DE CINEMA

17/09/2019 Pedro de Abreu Turismo e Culinária

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Lagoa no fim do dia. (Foto: Susi Becker / Creative Commons).

Colado ao Atlântico, numa parte remota e selvagem do Maranhão, última fronteira antes do norte, está o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. O nome faz jus ao lugar: do alto, a paisagem lembra mesmo uma manta gigantesca e enrugada. O parque é muito menos conhecido fora do Brasil do que as Cataratas do Iguaçu, a outra grande maravilha natural do País, o que é uma injustiça a ser reparada.

Que planeta é esse? (Foto: Nzinga Brasil / Creative Commons).

O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é um sem-fim de dunas de areia branca, dessas de quase doer a vista, entre as quais se formam lagos de água azul ou esmeralda em determinadas épocas do ano. Você pode explorá-los a pé, sobre quatro rodas ou quatro pernas (calma, explico mais à frente). Se conseguir um tempo para viajar ao nordeste e passar alguns dias explorando o parque, não titubeie: os Lençóis Maranhenses serão provavelmente o destaque das suas férias.

Para quem já visitou os Lençóis Maranhenses, não é de admirar que o parque esteja na disputa para Patrimônio Mundial Natural da UNESCO, cujo resultado sai em 2020. O que admira mesmo é que o parque ainda não seja parte da lista. Ou que nenhum grande filme de ficção científica tenha sido rodado nesta paisagem tão deslumbrante quanto alienígena. Alô, Spielberg!

A melhor maneira de chegar aqui é por São Luís (diga nos comentários se devemos escrever um artigo só sobre a cidade!), capital do estado e antiga vila colonial a cerca de quatro horas do parque. Voos vindos de todo o País pousam regularmente e, uma vez na cidade, praticamente todos os hotéis, albergues e pousadas providenciam o traslado, quase sempre já incluído no valor da estadia (alguns lugares dirão que o traslado é de graça, mas aqui neste blog não tem bobo). O dia aqui começa cedo, com ônibus passando pelas acomodações às 7 da manhã para levar os visitantes aos passeios.

O parque abrange 70 quilômetros de costa e se estende 50 quilômetros para o interior. Existem três pontos principais de entrada, dos quais Barreirinhas é longe o mais sofisticado, digamos assim, tendo surgido para atender aos visitantes que lotam o parque. A cidade oferece acomodação para todos os bolsos e vontades e, a partir daqui, é fácil organizar todo tipo de passeio pelo parque. A cidade cruza o Rio Preguiças, com manguezais perfeitos para se explorar a remo. Há uma boa seleção de bares e restaurantes.

Mas se o que você busca é simplicidade e calmaria, a melhor pedida é montar sua base em Santo Amaro ou Atins, que estão em lados opostos do parque. Há pouquíssimo tempo Atins obteve uma rede elétrica confiável, o que fez surgir aqui e acolá algumas pousadas e restaurantes, mas nada que abale a atmosfera resolutamente rústica (por enquanto), com caminhos de areia para as ruas e praticamente nenhuma iluminação à noite. 

Mesmo com toda sua beleza, não esqueça que o parque  é um ambiente bastante hostil: as dunas se formam por causa dos fortes ventos que sopram na direção do mar o ano inteiro, mas com força excepcional em outubro e novembro. Chove principalmente entre janeiro e junho, com sol inclemente o resto do tempo. A melhor época para visitar é entre junho e setembro, quando os lagos estão mais cheios e abundantes e o calor é menos brutal. Em outubro o vento já volta a bater com força e há muito menos lagos para visitar.

Antes de entrar no parque, pelo amor das deusas não esqueça do básico: protetor solar, chapéu, óculos de sol e água. Muita água. A areia sob os pés muda de fina e escorregadia para dura e quebradiça. Embora botas ou tênis sejam uma boa opção, às vezes é mais fácil simplesmente andar descalço. E não se esqueça do seu traje de banho. Depois de caminhar pela areia, não há nada como se despir, rolar duna abaixo e se jogar na água fria e clara. Venha nos agradecer depois.

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Pedro de Abreu

Designer gráfico freelancer, mora em Salvador, mas vive mesmo é na estrada. Pertence a Olívia, vira-lata baiana com quem já explorou parte da Europa e das Américas Central e do Norte. Redator por vocação.