Blog BR+

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA: UM MUSEU PARA OLHAR, OUVIR E PARTICIPAR

26/04/2020 Beatriz Mello Terceiro Setor e Cidadania

#

Museu da Língua Portuguesa.  (Foto: divulgação Secrataria do Estado de São Paulo).

 

Uma das grandes expectativas da cena cultural brasileira neste ano de 2020 é a reabertura do Museu da Língua Portuguesa. Parcialmente destruído por um incêndio de grandes proporções que o atingiu em dezembro de 2015, um dos museus mais interativos e modernos do país deve abrir suas portas no segundo semestre de 2020, depois de 5 anos de recuperação de suas estruturas físicas e de seu acervo. 

Além da restauração da fachada do prédio histórico a que pertence, o Museu da Língua Portuguesa recebeu melhorias em sua estrutura que tornarão a visita ainda mais agradável. Um novo café, com vista para o Parque da Luz e Pinacoteca, será inaugurado em sua cobertura e uma entrada direta pela Estação da Luz garantirá a facilidade de acesso ao museu. 

Sua preservação teve como premissa a sustentabilidade, já que cerca de 85% da madeira utilizada vêm de material reaproveitado do próprio edifício. 

A última etapa - em fase de finalização - é a restauração do seu acervo, que conta com projeto curatorial e de museografia, como também com adaptação interna e implantação de conteúdo museográfico. 

 

Uma proposta inovadora desde o início: tecnologia a favor da cultura

Desde sua inauguração, em março de 2006, o Museu da Língua Portuguesa se destacou por ser um projeto inovador em vários sentidos.

Em quase 10 anos de funcionamento, ele cumpriu seu objetivo de valorizar a diversidade da língua portuguesa e aproximá-la dos falantes do idioma em todo mundo de forma lúdica e interativa. 

Promoveu mais de 30 exposições temporárias de escritores e artistas da língua portuguesa, tais como Fernando Pessoa, Machado de Assis, Clarice Lispector, Guimarães Rosa e Cazuza. 

Além disso, proporcionou a integração real entre seu acervo e o público, por meio da tecnologia.

Não era um museu apenas para se olhar, era um museu para participar. Totens interativos, projeções em vídeos e leituras através de áudios eram algumas das tecnologias empregadas para promover o engajamento do público e aumentar o interesse dos frequentadores pela língua portuguesa. 

Uma das salas que eu mais gostava era o “Beco das Palavras”. Lá, em uma mesa interativa com a tecnologia Touch Screen (popularizada anos depois, com a chegada no país dos telefones celulares smart, em 2010), as pessoas podiam juntar sílabas distintas com o toque das mãos, formando palavras cujo significado também era mostrado na mesa de forma interativa, como um "pop up" destes que aparecem nos sites de internet.   

  

Estação da Luz:  integração & Acessibilidade

O museu é parte integrante da Estação da Luz, edifício localizado no coração da cidade de São Paulo - cidade com a maior população de falantes de português do mundo - e um dos lugares de maior fluxo de pessoas do país. 

A escolha do local não foi por acaso; ele representa duas das principais proposta do museu: integração de diferentes culturas e sotaques e acesso à cultura. 

A Estação da Luz, ponto de integração de linhas metropolitanas de trens e duas linhas de metrô, era um dos principais pontos de passagem de imigrantes nos séculos passados e, até hoje, mantém esta característica de ser um espaço de convivência de diferentes culturas, classes sociais e sotaques.   

Com a restauração do prédio, esta integração e acessibilidade ficarão ainda mais evidentes, já que o Museu terá uma entrada diretamente conectada com a estação.         

 

A Origem da Palavra “Baderna”  

Uma das grandes atrações do museu é a série de totens interativos onde é possível conhecer a influência que outros idiomas, como o francês, italiano, espanhol, o nagô e até o japonês, têm na formação da língua portuguesa falada pelo brasileiro no seu dia a dia. 

Minha avó, que vivia falando para mim e minha irmã que tínhamos deixado a sala da casa dela uma “baderna” (bagunça), ficaria surpresa ao conhecer a origem inusitada desta palavra. Descobri, visitando o museu, que o termo, que só existe no Brasil, surgiu para caracterizar o alvoroço causado pelos fãs da bailarina italiana Marietta Baderna durante suas apresentações públicas.

Estas e outras curiosidades sobre a língua portuguesa logo estarão novamente disponíveis para todos. Sua reinauguração, que estava prevista para junho de 2020, precisou ser adiada, mas em breve uma nova data será marcada.                                                                      

#
Beatriz Mello

Beatriz Mello é curiosa por natureza e publicitária e cientista social por profissão. Trabalhou em empresas de mídia como Globosat, Viacom e Discovery. Vive em Berlim, onde, recentemente, especializou-se em Liderança Criativa e fundou a “Tropical Intelligence- Insigthfull Data Storytelling”, uma consultoria de dados para indústria criativa. É uma brasileira de destaque na área de Dados e Conhecimento do Consumidor e escreve sobre outras mulheres que representam positivamente o Brasil.